A liberdade para amar


“O homem se parece mais com seu tempo que com seu pai”
Provérbio árabe

Michel Foucault ou a liberdade pra amar
Michel Foucault indicaria em uma entrevista intitulada “Não ao sexo rei” a possibilidade de estarmos assistindo ao fim da monarquia do sexo. "Sexo rei", entendido por ele como o caminho de toda a verdade, Foucault aborda a arqueologia dos acontecimentos no seu discurso, vestígios aparentemente misteriosos, que fazem com que a linguagem e o senso comum tornem-se possíveis. A investigação dos discursos é o método para entender os dispositivos discursivos. Conhecer uma sociedade é descobrir os mistérios de sua fala e também aquilo que não é dito. Foucault retira o determinismo da interdição e estuda a vivência e as idéias que regulam e disciplinam o permitido. Faz referência a uma ciência sexual que abriga o discurso e explicações do comportamento humano. Em outras palavras, o erotismo é a vivência do sexo e a ciência é o discurso em que se fala de sexo. Articula poder, saber e prazer. Derruba a hipótese repressiva que não resiste a um enredo sedutor pois há prazer em ter poder sobre o sexo e há poder em ter prazer. Há prazer em vigiar, punir ou fiscalizar. Há também prazer em transgredir e escandalizar.

A conclusão é que o dispositivo da sexualidade, elaborado a partir da ascensão da burguesia, tornou possível a idéia do sexo simbólico. O processo de construção do sujeito se dá quando a sexualidade não se opõe ao saber e ao poder, mas está disseminada na linguagem, em que existem o discurso da regra e o discurso do próprio sujeito.

É preciso superar a explicação aristotélica, que possui espírito conservador em um universo regido pela finalidade e previsibilidade, onde cada ser ocupa definitivamente um lugar que lhe seria destinado por natureza. Na história da humanidade, teremos capacidade de assimilar novos entendimentos se compreendermos a afirmação e a defesa da liberdade desejada a partir da preservação da vontade.

A afirmação da liberdade se cristaliza, ainda que insinuante, em todas as realizações humanas. Sua função simboliza um valor corrente às vicissitudes da história. É o elemento de referência, de variedade, é a essência fundamental do conhecimento, porque a humanidade consubstancia a capacidade de querer ou não querer.

O conhecimento é um progresso, fruto de conflitos que permitem constantes mutações da realidade, que, apropriada, provoca o desenvolvimento de individualidades em um cotidiano amoroso.

O gozo da liberdade é possível através da emancipação individual, da busca essencial da identidade disseminada nas zonas silenciosas do inconsciente, em que as idéias teimam em permanecer em um processo de “fraquíssima amplitude e longuíssima freqüência”.

Autoria: Thais Soares de Almeida Ramos

Para saber mais sobre Michael Foucault: http://vsites.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/biblio.html

Esste texto foi redigido por minha tia, Thais, e é um trecho da sua monografia de pós-graduação em História.

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