Loucura a gente vê no espelho.


Imagem: "Espelho da Loucura" - Antônio Cabral. Resto da obra dele no link abaixo:


As pessoas quebram, partem.  Sonham. Quando eu sonhei, eu sonhei que estava voando. A cidade parecia enorme... E eu tentava alcançar os prédios mais altos, sempre. O medo de cair só surgia quando eu começava a descer, íngreme, veloz: eu via o chão. Era o medo da realidade.
A pergunta mais difícil que eu já respondi: “você valoriza mais uma imaginação complexa ou um bom senso de realidade?”.
Eu não sei o que eu valorizo mais. Eu não seria feliz se eu não pudesse imaginar. Criar (ou pelo menos ter a sensação de estar criando algo). E eu me considero uma pessoa realista. Pessimista. Pragmática; objetiva, radical. Só penso na realidade, antes de agir. Não crio expectativas. Quando não estou apaixonado por alguém, estou apaixonado pela vida. Eu acho que eu faço a troca: alguém pela vida. Troca perigosa, mas eu faço assim mesmo. Deve ser por que eu ainda sou jovem, inconseqüente. Mas enfim, o fato é que eu me considero realista. E amo isso. Amo muito. Tenho orgulho. Mas sou tão ingênuo... Tão trouxa. Costumo dizer que não confio em ninguém, nem na minha alma. Mas acabo confiando. E quebro a cara! Como assim, confiar em tão pouco tempo. Achar que eu conheço. Eu pedi a Deus a coisa errada, sei que pedi. E o pior é que veio. Nunca mais cometo esse erro. Nunca.
E aí que eu tenho orgulho de um realismo que é passado pra trás com muita facilidade. Blá. Minha imaginação é outra coisa. É inacessível. Quem teve acesso, até hoje, não entendeu. Não tem como entender. O dia em que eu conseguir transmitir parte da emoção que eu sinto, que eu sinto FORTE, entranhado na minha pele, as coisas que eu penso, que eu imagino: eu serei completo. É um sonho meu... Uma realização. Me sentiria realizado se pudesse um dia fazer alguém ler ou ver, e sentir o que eu sinto. Se emocionar com o mundo que floresceu na minha cabeça. Quantos sonham isso, e quão poucos são os que conseguem...
Isso é junho que passou e não deixou nada pra trás quase. Nas férias a minha expectativa é de produzir, sempre. E continua sendo decepcionante. Tenho um novo prazo agora, sempre um novo prazo, sempre um adiamento.
E a minha resposta praquela pergunta difícil foi: “uma imaginação complexa”. Sim, é definitivo. Por que eu sei que o bom senso de realidade vai me dar equilíbrio, vai me dar segurança; mas é a imaginação que vai me levar aonde eu sonho um dia chegar. E se Deus quiser, eu vou chegar lá.
Até lá, vou voando. Não preciso do mundo como eu achei que precisava. Preciso das flores, do campo, das estrelas... Preciso de matéria, mundo é loucura. E loucura a gente vê no espelho.

A única exceção


A música que mais me descreve no momento é “The Only Exception” , do Paramore.
Tem um trecho assim:
“Maybe I know somewhere deep in my soul
That love never lasts
And we've got to find other ways
To make it alone or keep a straight face
And I've always lived like this
Keeping a comfortable, distance
And up until now I swored to myself
That I'm content with loneliness,
Because none of it was ever worth the risk
But baby, you are the only exception”
“Talvez eu saiba, no fundo da minha alma, que o amor não é para sempre
E nós temos que achar outras maneiras de viver sozinhos, ou manter uma expressão séria.
E eu sempre vivi desse jeito, mantendo uma confortável distância, e até hoje eu jurei para mim mesmo que estou satisfeito com a solidão, porque nada nunca valeu a pena.
Mas baby, você é a única exceção”
Eu sempre costumo dizer para mim mesmo que sou feliz sozinho, sou satisfeito sozinho e não preciso de ninguém, só de mim mesmo. Eu mantenho essa carcaça de auto-suficiência firme e forte, na maior parte do tempo.
Mas a vida é imprevisível. E hoje eu me despi. Encontrei minha única exceção.